segunda-feira, 28 de outubro de 2013



drogávamo-nos sempre em quartos escuros. divisões fechadas. contíguas à loucura. siamesas à esquizofrenia. ao histerismo ontológico. em quartos escuros. iluminados por candeias vazias. tingíamos a alma de verde baço. como o azeite-luz fosca. de meia vida. de meio dia. a meia face. pintávamos sem as caras da morte. em telas brancas. de paz. mascarrávamos tudo de suor. negro. velho. de suor podre. tribalismo. caras brancas de pó. pintadas com crus pigmentos de osso. em todas as esquinas. deambulávamos por metrópoles vazias. à noite. incendiávamos o céu. fogo azul. de alquimias metafísicas. tempo. espaço. ilusões da mente. em bonitos postais. pintados à mão. memórias de passados que não existiram. que estão para existir. em qualquer uma das esquinas da metrópole. entre caras pálidas. e pigmentos de osso. a salvação da alma no prazer da carne. hedonismo divino. de contornos sujos. e quem não precisa de um pastor? quem não precisa de sentir o peso do cajado nas escarificadas e nuas costas de outros tempos? tempos que são o mesmo. onde o cajado nunca vai. apenas volta. corroendo sempre a mesma alma. sempre a mesma ferida. pressionando sempre o mesmo ponto. o sangue escorre. partindo do centro para as extremidades. e a vida escorre. partindo o centro. correndo sempre para a extremidade.


/debaixo de água somos todos puros. debaixo de água todas as almas são limpas. e a água escorre. para a extremidade. como o sangue. como o tempo. sangrando a vida./

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