segunda-feira, 9 de abril de 2012


Não sei quem quero ser. O poeta é parco nos vaticínios. É assim que deve ser. Ele não tem objectivos definidos, gostos vincados, interesses idiossincráticos... És nómada no pensamento, nómada nos amores, nómada nas acções, nos gestos, nos pensamentos. Nómada. Não vives em lugar definido e não queres amarras, não tens porto. Sois nau que navega à vista, que cruza os mares sem destino. São conquistadores, messias sem seguidores, são peregrinos eternos e etéreos. Somos deuses, somos o topo. São demónios, são o fundo. O futuro é vago em promessas, o mistério a descortinar, o enigma sem importância. És mais uma aranha no emaranhado da teia, desta grande teia. Os fios entrecruzam-se. Para que ponta me encaminho? Sou ermita, sou nómada, sou poeta, sou nau, sou conquistador, sou messias, sou peregrino, sou deus, sou demónio. Sou a aranha que arquitecta esta grande teia. Sou o criador, e ainda tenho o tinteiro bem cheio e a pena bem afiada.

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