domingo, 18 de dezembro de 2011


Dissertações. Dissertações infinitas sobre todos os tópicos - quase todos. O burburinho generalizado emana das portas, das janelas, ecoa nas ruas, alimenta nações. Toda a humanidade - sem excepção -, focou a sua existência para a reflectividade, atribuiu um "sentido" provisório à sua vida. Durante dias ninguém comeu, ninguém bebeu, ninguém foi trabalhar. Não morreram pessoas, não nasceram outras. A discussão era feita em todos os idiomas, era feita por sem-abrigo, por donas de casa, por políticos, filósofos, crianças, idosos, economistas, escritores, pessoas... Teses sobre os grandes males do mundo, sobre as problemáticas mais prementes. Discussões científicas, práticas, metafísicas. Atacavam-se problemas de todas as frentes, a discussão era o que unia o povo. Foram escritos biliões de ensaios por biliões de pessoas, debateram-se, ajustaram-se reescreveram-se. O mundo tinha parado, mas não de pensar. Pensar era agora uma necessidade, uma necessidade maior que comer, uma necessidade maior que beber. Gentes conversavam pelas ruas, em cafés, nas casas. Foi organizado um concílio com os maiores pensadores vivos daquele tempo - ter-se-iam convocado também os mortos, mas devido à lógica impossibilidade, não aconteceu. Os pensadores dedicaram-se ao exercício que melhor desenvolviam, fizeram-no de maneira ininterrupta, pensaram. Dialectizaram horas, dias, anos a fio. Toda esta imensidão de gente, de gentes, de povos. Todas as mentes capazes do planeta nada mais fizeram que pensar.


Não se chegou a conclusão alguma.

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