Dia 7305, a vida
esbofeteia-me, mais uma vez, na cara, com o implacável golpe da fatalidade –
sem surpresas, mais uma vez.
Os dias tornam-se monótonos. É isto. Sim, o fatalismo
e todo o 'ismo' e toda a 'gia'. Os fatais dias do fatalismo acabarão de forma fatal
e a matéria fecal substituirá toda a retórica existencial – que nunca evoluiu
de segregação rectal.
“Somos todos rebeldes a tentar ser rebeldes com
outros rebeldes que já não querem ser rebeldes por todos os outros serem
rebeldes. Rebeldes, os mais rebeldes entre os rebeldes.
Ou vens aqui, eu faço-te alguma coisa boa para
comer, depois comes-me a mim, depois acordas, comes-me e em seguida em faço-te
alguma coisa para comeres, dormes, acordas, comes-me e depois comes mais
qualquer coisa e a mim, mas só depois de teres comido, nunca antes.” Transcrição
original.
O fatal é mais uma vez anunciado, ele vem e vai e
vai e vem.
-Mas não temas, faz-se sempre anunciar e espreita, sussurra, conspira
e suspira a cada esquina… e respira. Respira tudo e todos e os tolos e nós, e
os ignorantes e nós e quase todos (que não somos nós). E nós – os outros que não
somos quase todos -, continuamos nesta dialéctica que tem tanto de estéril como de
fértil. Estamos cobertos e mergulhamos em fezes em cardume com todos os outros
que não somos nós (e que são a maioria), mas ao menos temos o discernimento de
conseguir discutir a sua cor e consistência – mas sempre inteligentemente e com
consciência.
E qual será o propósito? Digo-vos já: não há. Mas
por agora ignoremos isto e continuemos a discutir o assunto - afinal, somos
intelectuais, pessoas da razão, do saber!.
Passamos manhãs e tarde e noites e copos a discutir.
Discutimos, discutimos, discutimos. Todos os caminhos nos levam a um sítio
concreto e bem desenhado: nenhures, utopia.
Mas o lado positivo é que somos felizes lá - Não somos.
Como poderíamos ser?. Brincamos, passeamos, conversamos…
E é sempre assim, na monotonia da fatalidade. Onde
os poetas são tão ignorantes quanto os ignorantes e os pensadores pensam com
tanta claridade e sapiência como todos os outros. Afinal, somos todos
pensadores. Uns mais, outros menos.
Muito menos.