terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

E o que fazemos quando a morte chega?
O que fazemos quando o pano enrugado de veludo vermelhão cai?

As pétalas em madre pérola perdem toda a sua firmeza
E a morte avança como um pano púrpura de éterea índole.

A apoteose não chega e o êxtase não faz ascender aos céus.
É apenas isso, a encruzilhada do fim, para nenhures, utopia vã.




 - hoje sonhei em português. queria que lá estivesses e me visses ascender. para os céus. para o todo sempre. a causa final em cada gesto. um eterno retorno. o devir em todas as causas. em todos os efeitos. hoje sonhei em português. e elevei-me. hoje, ascendi.



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013










E se a poesia é isto, onde estão os campos doirados?
- larguemos as foices, a batalha vence-se no amanhã, nas paredes brancas dos quartos.












domingo, 15 de dezembro de 2013



           

            o embate. as ideias. os sonhos. o espaço em cada inalação. veneno avulso. amor de pulso. e solidão decadente. toda a gente tem problemas. o desvio padrão. desvio que é padrão. círculos. cadeiras em torno do centro. pensadores sentados em torno do centro. e a bala parte. zig zag. zig zag. zig zag. vai e volta. sem destino certo. nunca vai para o centro. força centrífuga. composta de sopros. de massas de ar quente. preenchendo a forma da palavra. palavras preenchido ideias. mas tudo em torno do centro força magnética repelente. de cadeiras. de pensadores. de ideias. a tentativa de chegar ao centro é tão decadente quanto a solidão. num quarto. de janelas fechadas. sem ver para fora. um banco de madeira no centro do quarto. um homem sentado. dobrado sobre si próprio. não é nem a sombra do que realmente é. no escuro não há sombras. no escuro não há homens. de olhos fechados não há centro.

            /entre! fique um pouco. entregue-se ao hedonismo e feche os olhos. esqueça o centro./

terça-feira, 26 de novembro de 2013




                a interdição de entrada dentro da grande cabana. casa de espíritos. negro. tribal. a escuridão em cada passo. danças xamânicas de loucura. êxtase terreno. sopro de fogo. veneno de negridão. o enevoar. memórias. visões de delírio. loucura elevada a ontologia. a quebra com uma realidade. a aceitação de outra. vem. entra na casa dos espíritos. na floresta de negridão onírica. gritos. o baque seco dos tambores. o aumento da frequência. a fogueira. dança ébria. e os espíritos. dentro da grande velha casa. dentro da grande cabana velha. redemoinhando. em cores místicas. psicotrópicos rudimentares. e a fogueira. a florestação. o ribombar. gritos étnicos. abertos. ecoando pela velha floresta. dentro de nós. a dormência. um marasmo interminável. flutuar. perpassando toda a floresta. a fogueira alta. alcançando as estrelas. os cantos de entoação lunar. a fogueira. a aparência de um infinito. confuso. sonho. até à casa dos espíritos. tudo o que é. afluindo. convergindo para a casa. a dos espíritos. a do mudo grito primordial. o xamã. face do silêncio. recitando versos de morte. recitando versos. até à exaustão delirante. até ser tudo o que há ser morte. ela própria. até à morte anunciada. final. conclusiva. e a frequência aumenta. os disparos primordiais. díspares. essenciais. em sequência. a música psicadélica. a dança em volta do fogo. a frequência aumenta. uma eloquência imperceptível. num idioma exótico. mesmerizante.

            /e a morte. adormecendo as extremidades. convergindo para o centro. para a casa dos espíritos. e a toada xamânica cada vez mais ao fundo. a verborreica feitiçaria desvanecendo. o adormecimento. eterno. fecha-se o círculo. o enaltecer dos sentidos. a selva abre-se por fim./

terça-feira, 19 de novembro de 2013

scattered no chão com um toque de gin.
doce e áspero.
gin.
e tu olhas-me com esses olhos.
cio.
dazzling nuances of português suave.
é a vida.
a prostitute na esquina.
crazy little thing called drug.
e o cheiro a éter.
titubeando na calçada.
lingerie de amour.
o cheiro a um passado recente.
rendilhado preto nesses seios pubescentes.
e essa aura beatnik.
esse fumo de cigarette.
dead end.
as sombras de ti.
o tilintar do gelo.
mamilos túrgidos a 35mm.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013



matemo-nos todos. pelo menos até amanhã. pelo menos até a casa se fechar sobre nós. pelo menos até a casa se fechar em nós. matemo-nos. matemo-nos aos poucos. no casulo. a floresta ressoa em uníssono. ecos vãos. de desespero. de loucura falante e cinética. a dor de viver dentro de si próprio. abraçando as paredes brancas. pintadas de branco gutural. de silêncio. o sopro da existência. o frio que entra por debaixo da porta. a infindável solidão em todos os espaços do tempo. em todos os tempos do espaço. o som do acordeão. ranger de dentes. deserto frio. coberto de noite. rajadas ininterruptas. não há esperança de conforto ou calor. mesmo em qualquer outro ponto. por mais longínquo ou próximo que seja. o torpor seco da alma. o marasmo áspero da existência. o horizonte imensurável. esmagador.

/humm... e o que eu daria por um dia no mar... o que eu daria por um dia na costa... onde o mar encontra a terra e o Homem cessa de voar./