tudo é falso. e nós
olhamos um para o outro. que mais fazer? frente
a frente. e tudo é falso. lá fora tudo é falso. e nós consumimo-nos em beijos. vai. vem.
vai. vem. lá fora tudo é vão. vai. vem.
vai. vem. vai. vem. e se te vais… oh, porque não te
vens? fica mais um pouco. para onde irias? lá
fora tudo é falso. para onde irias? escorrem as
melancias de sangue vermelho. e tu estás madura por dentro. doce. podre. hummm… e
como é bom o baloiço. vai. vem. vai. vem. vai. vem. hummm… e como são boas
essas cascatas fel. chove por toda a parte. eu
chovo-te em cima. tu nasces. fluis para mim. tudo o que de
mim há. existe. é. existiu. foi. e tu foste também. fluíste. fluis. e fluis…
fluis… fluis… enveneno-te uma vez. duas.
três. e tu vais morrendo. enveneno-te outra vez. morrendo
para mim. fluindo. fluindo para a foz.
o quarto ilumina-se. fluorescente. a divisão exala algo. tribal. primário. implode. eu
expludo. e toda a metafísica. toda a física em cada meta. estilhaça
na tua direcção. soluças incontrolavelmente. o
teu choro - flecha pelo quarto. fica
tarde – flecha pelo espaço. cuidado! inflexão robusta. amor
de rosas em soda cáustica. amor-veneno na veia. e
tu olhas pelo canto do olho. e eu respiro. zás! em cheio no olho!
perfume de rosas. adocicado e podre. adocicado. podre. e são assim os dias em
que vais. os dias em que vens.
/vai. vem. vai. vem. vai vem./